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O comércio global está mudando — e rapidamente. A Organização Mundial do Comércio (OMC), que até pouco tempo previa um crescimento de 3% no comércio mundial para 2025, agora projeta uma retração de -1%. Essa revisão drástica mostra que não vivemos apenas uma crise momentânea, mas uma transformação estrutural nas relações comerciais internacionais.

Tarifas Americanas: O Que Significa a Taxa de “Só 10%”?

Recentemente, os Estados Unidos anunciaram uma tarifa de 10% sobre o aço e o alumínio brasileiros. À primeira vista, o número pode parecer baixo, especialmente se comparado aos 25% que chegaram a ser impostos em 2018, durante o governo Trump. No entanto, não há motivo para comemoração.

Essa medida representa uma barreira real à competitividade da indústria nacional e abre espaço para uma avalanche de exportações asiáticas deslocadas para o Brasil. Países como China, Vietnã e Coreia do Sul, que enfrentam barreiras maiores nos EUA, podem buscar novos mercados, e o Brasil surge como um dos destinos mais viáveis.

Reindustrialização dos EUA: Estratégia com Efeitos Colaterais

A política de reindustrialização americana, liderada por subsídios e tarifas, tem como objetivo fortalecer a produção interna. No entanto, há dúvidas crescentes sobre sua eficácia. Muitos analistas já apontam que, em vez de recuperar empregos industriais nos EUA, essas políticas estão apenas redirecionando fluxos comerciais e criando tensões diplomáticas com parceiros estratégicos.

O Brasil e a Diplomacia Econômica Enfraquecida

Em um cenário tão delicado, a capacidade de negociação internacional é essencial. E o Brasil, hoje, enfrenta desafios nesse aspecto.

O presidente Lula tem relações desgastadas com o ex-presidente Donald Trump — ainda muito influente na política americana — e com o atual Secretário de Estado. Em contraste, em 2019, o governo Bolsonaro conseguiu que Trump se comprometesse a não taxar o aço brasileiro, mesmo com a tarifa geral de 25% em vigor.

Essa perda de capital diplomático coloca o Brasil em uma posição frágil justamente no momento em que o mundo exige liderança, pragmatismo e capacidade de reação.

O Que Está em Jogo?

Os próximos anos serão decisivos. As mudanças nas tarifas globais, a queda nas projeções de crescimento do comércio mundial e o reposicionamento de grandes economias exigem que o Brasil se posicione com clareza e inteligência estratégica.

A capacidade de reagir rapidamente, negociar com todos os lados e proteger os interesses nacionais — sem se isolar — será o diferencial entre países que perderão relevância e aqueles que sairão fortalecidos da turbulência global.

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